terça-feira, 26 de outubro de 2010

Informatização de Arquivos: Problemas e Desafios

Entre as considerações de LOPES, ele retrata a conseqüência do uso indiscriminado de equipamentos informáticos na produção, acúmulo e transmissão de informações arquivisticas e não arquivisticas aumentando o volume de massa documental desnecessária nos arquivos. A razão principal para tal caos reside no fato de não haver uma política de gestão documental adequada dentro das organizações. A falta de estrutura e de um profissional que acompanhe este processo também agrava a situação.
Outra questão também chama a atenção: “os procedimentos arquivistico são adotáveis nos casos das informações gravadas em documentos informáticos”? (LOPES, 1997:128)
Os documentos têm uma relação orgânica e elementos que os referencie sobre o seu trâmite e sua funcionalidade dentro da empresa ou instituição que pertence, resta sabermos se esses elementos que caracterizam os documentos arquivistico estão presentes nos documentos eletrônicos ou informáticos.
Estas problemáticas também não são resolvidas quando se analisa o sistema de ged (SANTOS, 2003:125) abre um espaço para comentar uma colocação de FLORES referente a este aspecto:
“ ... através de uma análise detalhada de uma ferramenta, FLORES coloca em evidência o fato de alguns sistemas de ged não contemplarem as funções arquivisticas, essenciais às informações orgânicas e registradas.”
Outro desafio é a manutenção da processabilidade dos registros digitalizados ao longo do tempo. Entra em discussão, portanto a questão da preservação e o posterior acesso a informação.
A partir daí vem a tona um emaranhado de questionamentos a respeito da função do arquivista nesse contexto.
Será ele o responsável pela criação e implementação destes recursos informáticos?
Embora seja muito proveitoso para o trabalho arquivistico o profissional que domine estas competências, percebemos que este não é o principal papel do arquivista, porque o mais importante para ele o mais importante é conhecer as necessidades arquivisticas e as funcionalidades que os recursos oferecem, saber se elas atendem ou não as expectativas, um estudo e uma análise mais profunda nos esclarecerão sobre isso. No entanto se o responsável por essa análise tiver um conhecimento maior sobre as novas tecnologias, obviamente que este conhecimento será bem valorizado e aproveitado pelo mercado.
Tendo em vista o caos documentário provocado por uma informatização desestruturada é interessante buscar alternativas que estruture melhor a gestão documental dentro das organizações. Nesse sentido podemos pensar em algumas hipóteses:
· Buscar ferramentas e estratégias que viabilize a gestão documental integrada com as novas tecnologias.
· Trabalhar na constituição de normas e padrões que garantam a preservação e acesso à informação na atualidade e para as gerações futuras.
Uma alternativa interessante é uma aliança de forças:
“Quanto ao Brasil, reiteramos que a parceria entre o conarq**, a comunidade acadêmica e as iniciativas governamentais, refletidas no programa na sociedade da informação e governo eletrônico, cria as condições ideais par o estabelecimento de uma política de implementação de sistemas eletrônicos de gerenciamento arquivistico de documentos eletrônicos” (RONDINELLI, 2002:128)
Enfim, é pertinente pensarmos em discussões, alianças, pesquisas, análises, meios que favorecem o estudo dessas questões. Portanto, não podemos ser meros expectadores desse fenômeno informacional, temos que compreende-lo e intervir nos processos que interferem nas práticas arquivisticas e nas necessidades informacionais de uma instituição ou organização.

Referências

LOPES, Luís Carlos. A gestão da informação: as organizações, os arquivos e a informática aplicada. Rio de Janeiro: Arquivo público do estado do rio de janeiro, 1997, 143 p.
RONDINELLI, Rosely curi. Gerenciamento arquivistico de documentos eletrônicos. 1.ed. Rio de janeiro: FGV, 2002, 160p.
DOLLAR, Charles. Tecnologias da informação digitalizada e pesquisa acadêmica nas ciências sociais e humanas: o papel crucial da arquivologia. Rio de Janeiro, Estudos Históricos, V. 7, n.13, 1994, p.65-79. Disponível em: www.cpdoc.fgv.br . Acesso em: 3 jul 2004

Um comentário:

  1. Concordo contigo. Sabe, eu entendo que mudam-se apenas o suporte da informação, porém as maneiras de classificar, avaliar e descrever continuam as mesmas. A questão não é o arquivista aprender exclusivamente a produzir a informação digital e programar um sistema GED. Não. A questão é aprender a entender o contexto do ambiente digital para poder gerir essa documentação digital com eficiência, pois esse é o seu papel. E não é querer penetrar em outros campos do conhecimento, mas sim estar preparado para atuais exigências do mercado e fortalecer a Arquivologia para que não se enfraqueça devido a uma estagnação cognitiva sobre os antigos e também atuais suportes da informação, tal exemplo principal o papel; devido a pensamentos como que já ouvi 'terminará o papel e o arquivista não terá com o que trabalhar'. O papel nunca irá acabar! E hoje as empresas não têm documentos somente em suporte papel. Vemos que é crescente a produção e utilização de documentos digitais e eletrônicos nas organizações visto as vantagens que isso os proporciona e não há como negar. A competitividade no mercado de trabalho logicamente irá optar por um profissional da informação (arquivista) que saiba exercer as funções arquivísticas também no ambiente eletrônico/digital com auxílio das ferramentas de GED. Quanto a aplicação dos procedimentos arquivísticos na gestão de documentos eletrônicos, há a GED/A onde penso que o maior problema nessa questão está na verificação da autencidade do documento, onde daí entra a diplomática contemporânea e fortalece o que eu disse anteriormente que por isso nunca acabará o papel. Claro que hoje existe meios muito seguros de manter a integridade e autenticidade de um documento, como por exemplo a utilização de chaves públicas e privadas, criptografias, acredito porém que como o avanço da informática é muito rápido, logo se descobre como quebrar esse sistema, por isso não são muito confiáveis na arquivologia. Bom o post!

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